Verdades sobre a própolis em tempos de coronavírus
A própolis é um produto elaborado pelas abelhas a partir de fontes vegetais, como brotos e exsudatos.
A palavra própolis vem do grego e quer dizer pro, em defesa de e polis a cidade. O nome sugere exatamente o papel da própolis, em defesa da cidade ou em defesa da colmeia propriamente dita. As abelhas coletam esse material resinoso e/ou balsâmico, constituído de metabolitos secundários produzidos pelas plantas. Os metabolitos secundários são substâncias que as plantas produzem para a sua defesa contra predadores, vírus, bactérias e fungos. Portanto, se as abelhas utilizam esse material para a produção da própolis, era de se esperar que esta tivesse as mesmas propriedades de defesa. Esse fato foi comprovado ao longo de quase cem anos de pesquisa em diferentes partes do mundo com diferentes tipos de própolis, evidenciando a sua eficácia contra microrganismos, tumores e reforçadora do sistema imunológico. No Brasil, no final da década de 1950, houve uma miscigenação acidental de abelhas europeias Apis mellifera com abelhas africanas, surgindo a nossa abelha africanizada, que é mais forte, mais resistente a doenças e tem um grande potencial de produção de própolis. Como dito anteriormente, a própolis é uma resina de origem vegetal, que as abelhas levam para a colmeia, misturando com secreções salivares e cera para a elaboração do produto final. Devido à grande biodiversidade existente em nosso país, era de se esperar que tivéssemos diferentes tipos de própolis, de cores e aspectos diversos e com composição química característica. Em 20081 foi publicado um capítulo de livro científico que trata da tipificação da própolis brasileira, mostrando a existência de diferentes tipos de própolis no Brasil. Dentro de cada tipo, existem subtipos, os quais têm os mesmos compostos bioativos do seu tipo, porém em quantidades diferentes. As própolis hoje mais estudadas e com melhores resultados, são a BRP (própolis verde) e BRV (própolis vermelha). Sendo que a própolis verde é a mais conhecida entre elas e a que tem sido disseminada como a melhor de todas pela excelência da qualidade. Mas será que outras própolis de outras cores têm algum valor? Será que só a verde é eficaz? Se voltarmos ao início deste artigo e verificarmos que foi mencionado que a própolis defende a colmeia, chegaremos, portanto, a conclusão que toda própolis tem eficácia!!!
Muito se tem indagado a respeito da própolis marrom, se é ativa como a verde. O que se pode dizer, em relação a algumas destas amostras, é que algumas subtipagens da BRP tem coloração marrom, tendo portanto os mesmos metabólitos mas em quantidades diferentes. O mais importante para o consumidor é saber se a empresa que produz o extrato de própolis possui, no seu processo produtivo, os critérios de qualidade que obedecem às normas de fabricação e se atende ao preconizado pela legislação brasileira sobre o conteúdo de polifenóis e flavonoides no produto. Ressalta-se também que a legislação brasileira prevê que seja comercializado o extrato com teor mínimo de 11% de concentração, um teor de cera de no máximo 1%, flavonoides no mínimo 0,25% e polifenóis de no mínimo 0,50%2. Outro parâmetro extremamente importante é a atividade antioxidante, que mede se a própolis é nova, não oxidada e se atende a esses conteúdos de flavonoides e polifenóis preconizados pela legislação. Quanto maior o teor de flavonoides e polifenóis, mais ativa é a própolis contra os radicais livres.
No tocante a sua atividade antiviral, tal como referido no título dessa matéria, a própolis possui essa atividade. Extratos de própolis brasileira foram estudados frente ao poliovírus tipo 1 (PV1) da poliomielite, da influenza (gripe), HIV, H1N1, hepatite viral, vírus da herpes tipo 1 e tipo 2, vírus envolvido na dengue hemorrágica e em coronavírus de origem animal. Em alguns desses estudos foi avaliada a própolis verde, mas em outros, a marrom, comprovando em todos eles, a atividade antiviral da própolis. Esse “novo coronavírus” é bastante desconhecido e não existem ainda estudos conclusivos sobre qualquer produto ativo em seu combate, mas, os caminhos para as pesquisas estão abertos.
Concluindo, pode-se afirmar que a se própolis, dadas as características descritas anteriormente, defende a colmeia contra bactérias, fungos e vírus, como não irá defender o homem de doenças dessa natureza?
Profa. Dra. Maria Cristina Marcucci, especialista em própolis
Referências
1. Marcucci, M.C., Sawaya, A.C.H.F., Custodio, A.R., Paulino, N., Eberlin, M.N. (2008). HPLC and ESI-MS typification: New approaches for natural therapy with Brazilian propolis. Scientific Evidence of the Use of Propolis in Ethnomedicine, 2008: 33-54, ISBN: 978-81-7895-357-1 Editors: Nada Oršolić and Ivan Bašić.
2. Brasil (2001). Instrução Normativa no. 3 de 19 de janeiro de 2002. Aprova os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Apitoxina, Cera de Abelha, Geléia Real, Geléia Real Liofilizada, Pólen Apícola, Própolis e Extrato de Própolis. Disponível em http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=1798. Acesso em 30 mar 2020.